Na primeira metade do século XX Albert Einstein afirmava: "Se as abelhas desaparecerem, ao homem restarão apenas quatro anos de vida." Hoje, apicultores de todo o mundo têm notado que, desde 2007, as abelhas estão desaparecendo. Tal fenômeno, conhecido cientificamente como Desordem do Colapso das Colônias (DCC), começou a ser percebido nos Estados Unidos, devido à queda na produção das colônias, ao sumiço de algumas abelhas e a morte de outras. Cientistas, apicultores e especialistas estão correndo contra o tempo para reverter esse quadro preocupante. A causa E o alerta é mais que justiçado, uma vez que esse fenômeno já afeta o inseto em diferentes partes da terra como Polônia, Grécia, Itália, Portugal, Inglaterra, Espanha, Suíça, Alemanha, Índia e Brasil.
Oapicultor Chiquinho Castro, conhecido como "Chico Abelha", considera a situação grave e preocupante para todo o planeta, porque ao atingir a cadeia reprodutiva da natureza, a produção de alimentos fica seriamente comprometida. "Além disso, as implicações econômicas dessas mortes são imediatas, porque as abelhas são essenciais para a polinização de cultivos que custam dezenas de milhões de dólares à economia dos países afetados", explica o apicultor, que há 30 anos cria abelhas em uma chácara em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio.
Em Santa Catarina, segundo maior produtor de mel do País, observou-se que as abelhas saíam das colmeias sem deixar quaisquer vestígios, abandonando a colônia e o mel. A Federação e Associação de Apicultores de Santa Catarina (Faasc) resolveu criar uma comissão científica para pesquisar esse estranho acontecimento e já aponta para alguns motivos como mudanças climáticas, uso de novos inseticidas, problemas com a variabilidade genética, novos tipos de vírus e parasitas ou até mesmo a intensidade de manejo das colmeias, que são transportadas por lavouras de todo o País para auxiliar na polinização dos cultivos.
Nésio Fernandes, presidente da Faasc, explica porque tal fenômeno interfere tanto na produção de mel quanto na agricultura: "Santa Catarina é o maior produtor de maçãs do País e a polinização desses pomares
é feita por milhões de abelhas. Hoje, com a redução de mais de 30% das colmeias no estado, o custo de locação para polinizar uma plantação aumentou em 67%, fazendo com que o preço de toda safra aumente para o consumidor." Já o apicultor Mauricio Monero, de Belo Horizonte, ressalta que inicialmente a crise do êxodo das abelhas havia sido tratada como uma preocupação localizada, mas, no momento em que o preço dos alimentos atinge a maior alta de todos os tempos, o sumiço desses insetos pode pôr em risco a segurança alimentar da população, devido ao aumento nos custos da produção.
E adverte: "Quase um terço da produção agrícola mundial depende da polinização animal, principalmente por intermédio das abelhas. Esses alimentos proporcionam 35% de nossas calorias, a maior parte de nossos minerais, vitaminas e antioxidantes e são a base da gastronomia." A pesquisadora da Embrapa Meio-Norte Fábia de Mello reconhece que, no início deste ano, várias reportagens sobre o repentino sumiço de abelhas nos Estados Unidos e na Europa deixaram produtores, ambientalistas, pesquisadores e o público em geral alarmados. Desde então muito se tem questionado sobre os efeitos do aquecimento global e dos plantios de culturas transgênicas nesse misterioso fenômeno. Para complicar, há o temor de que tal problema venha a se intensificar no Brasil, prejudicando não somente a apicultura, como também a produção de todas as culturas que utilizam os serviços de polinização das abelhas, como maçã, melão e laranja. Há um consenso: o que está acontecendo com as abelhas e suas colônias é reflexo da evolução inconsequente do homem e da ação predatória que ele exerce sobre o meio em que vive.
Fonte: Jornal do Commercio RJ
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