Silvia Torikachvili, Valor online
A nona edição do Prêmio Ethos-Valor, concurso de trabalhos acadêmicos na área de sustentabilidade promovido em parceria pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e pelo Valor , foi encerrada ontem, em São Paulo, com a entrega de troféus aos cinco vencedores escolhidos entre os 259 inscritos neste ano.
principal objetivo da iniciativa é fomentar, na universidade, o debate sobre gestão para a sustentabilidade para que os futuros profissionais, quando chegarem ao mercado, tenham ferramentas e subsídios para trabalhar em busca do equilíbrio entre resultados financeiros, ambientais e sociais.
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Entre os estudantes da graduação, o prêmio ficou com Luciana Minaki Maturana, do Centro Universitário Senac, de São Paulo, que tratou de marketing e desenvolvimento de produto seguindo um modelo econômico efetivamente sustentável. Luciana apresenta argumentos e ferramentas que provam às empresas ser possível (e econômico) reorientar os processos de forma a diminuir impactos ambientais. Para ilustrar seu trabalho, cita os cases Carpetes Interface, ambientalmente amigáveis, e Purificadores de Água Brastemp, projetados para economizar energia. "As empresas ainda vão entender que a gestão ambiental pode ser ainda mais lucrativa", diz.
melhor trabalho de pós-graduação foi de Ana Cecília de Paula, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e Centro Universitário Curitiba (PR), que trata do uso do papel em trabalhos científicos.
Ana Cecília apresenta cálculos que dão conta de que cerca de 3,5 bilhões de folhas de papel foram utilizadas em TCCs (Trabalho de Conclusão de Curso) desde 1980. Ela critica a ABNT/NBR 14724, padrão oficial que regula a apresentação de trabalhos científicos com a imposição do uso restrito ao anverso da folha, e propõe mudanças compatíveis com a responsabilidade socioambiental acadêmica, como papel reciclado e impressão frente e verso. "É difícil entender como o órgão encarregado de qualidade socioambiental obriga a gastar tanto", afirma.
Na categoria Artigo de Pesquisa, a vencedora foi a professora Rosemary Roggero, da Universidade Brás Cubas (UBC de Mogi das Cruzes) e Universidade Nove de Julho (Uninove, de São Paulo), que aplica a questão da sustentabilidade à vida nas cidades, justamente onde o desenvolvimento é mais perceptível. "A educação está cada vez menos entre os muros da escola", diz. "É das grandes cidades que vem o estilo de vida e a perspectiva de cidadania", completa.
O prêmio para Plano de Ensino privilegiou a economia do meio ambiente, tema do professor Valny Giacomelli Sobrinho, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. Giacomelli mostra como a expansão do sistema econômico impacta o meio ambiente e propõe a formulação de políticas ambientais que levem ao desenvolvimento sustentável: "Gestão é a fonte de recursos. Política é saber tratar os resíduos", resume.
Nesta nona edição, o Prêmio Ethos-Valor teve como referência a Carta da Terra, documento que pretende mobilizar as pessoas em direção a uma sociedade global sustentável, justa e pacífica. Os 137 estudantes inscritos tiveram a missão de desenvolver trabalhos e artigos destacando a relação entre responsabilidade social empresarial/desenvolvimento sustentável e os conteúdos da Carta da Terra, que classifica erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico equitativo, democracia e respeito aos direitos humanos como objetivos interdependentes e indivisíveis.
Os 98 professores que concorreram com seus planos de ensino e artigos de pesquisa propõem estratégias pedagógicas para introduzir conhecimentos, valores e habilidades necessários a um modo de vida sustentável. A proposta do prêmio desafiou professores a pesquisar caminhos para a sustentabilidade em suas práticas de ensino. O objetivo é que essa nova modalidade passe a ser referência em todos os níveis de ensino.
Este ano, o prêmio incluiu também uma categoria mista e temática, que reúne professores e alunos em grupos de cinco pessoas, no máximo, para discutir temas e questões propostos pelos próprios associados do Instituto Ethos. Como as empresas podem contribuir para a redução da pobreza foi a questão colocada para essa categoria especial. Os vencedores foram a estudante Claudia Gomes da Silva e o professor Raimundo Gomes Maciel, da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco.
Com o título "A Certificação Ambiental e o Sobrevalor: a Relevância do Imaterial para as Comunidades Florestais", professor e aluna tratam da importância da certificação ambiental entre as comunidades da floresta como vantagem competitiva diante da chamada terceira revolução industrial. O texto discute o valor gerado pela certificação e aborda a função dos ativos intangíveis como fonte de vantagens competitivas para os agentes econômicos. "Todo mundo quer preservar a floresta, mas ninguém quer pagar por isso", critica o professor Maciel.
Fonte: Valor Econômico
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