sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Para que serve a Amazônia?


Por Dal Marcondes

Desde que eu me conheço por gente, e faz muito tempo, ouço falar na Amazônia. De diversas formas e com enforques muito diferentes. A primeira vez que estive na região foi em 1974. Tive de sair de São Paulo porque não estava disposto a servir o Exército bem no meio da ditadura. Fui para Brasília e, de lá, subi a Belém/Brasília e ônibus. Uma estrada de terra cheia de buracos e percalços. Chegando a Belém fiquei hospedado na casa de uma amiga, Soninha, em Ananideua, subúrbio de Belém. Um lugar ainda rural na época.

Desde então olho para a Amazônia na busca de tentar entender aquela terra e aqueles povos. Já estive em cidades de todos os tamanhos, naveguei por muitos rios e comi peixes em muitas comunidades. Gosto de pensar que ao menos tenho na sola dos pés um pouco daquele solo impressionante.

Recentemente escrevi um artigo para uma revista, onde falo da governança na região. E, fazendo a reflexão para escrever me veio este lead (início da matéria):

“O papel do Brasil no mundo globalizado nos próximos anos tem muito mais a ver com a Amazônia do que com a capacidade econômica de suas outras regiões. Sem a Amazônia o Brasil seria um país como muitos outros, com capacidade econômica e geopolítica semelhante à Argentina ou ao Chile. No entanto, a Amazônia dá ao Brasil uma dimensão planetária, com uma importância geopolítica que o coloca em posição privilegiada em qualquer foro global”.

Tenho refletido muito sobre isso. E, principalmente, como a Amazônia pode assumir um papel interno no Brasil mais protagonista sob o ponto de vista do desenvolvimento econômico e social preservando seus valores ambientais?

Na semana passada estive em Belém novamente, 35 anos depois da primeira visita. No intervalo estive na região muitas vezes. Mas foi emblemático retornar a Belém e participar da cobertura do Fórum Social Mundial Amazônico. Isto durante uma crise financeira global e em um Momento em que tenho me dedicado mais a refletir sobre modelos e a colocar minha ação como jornalista a serviço da busca e promoção de um modelo de desenvolvimento mais coerente com a construção de um futuro sustentável. Quando estive em Belém pela primeira Vez sequer sabia o que ia fazer da vida. Hoje tenho uma carreira como jornalista e acredito que é possível fazer um jornalismo focado nas pautas que garantem informação e conhecimento relevantes para o amanhã.

A economia que vai emergir desta crise, o desenvolvimento que vai integrar a Amazônia ao “sul maravilha” é um modelo baseado em valores renovados. Uma economia baseada no trabalho, nos direitos humanos e na preservação ambiental.

Nos próximos dias quero escrever mais sobre isso. Mas já fiz um texto a respeito que foi publiad enquanto eu estava em Belém: http://www.envolverde.com.br/?materia=56034

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