quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O efeito Marina

Por Dal Marcondes, da Envolverde

Marina Silva desequilibra o discurso político a favor de uma ética econômica, social e ambiental que pode realmente levar o Brasil para a liderança global em uma economia em que valores privilegiem o desenvolvimento humano.

A presença da senadora Marina Silva no cenário político brasileiro garante que o País seja visto como um fiel depositário de algumas das mais importantes riquezas naturais da Terra. E mais, seja visto como capaz de articular políticas públicas sociais e ambientais capazes de oferecer segurança quanto à preservação e o uso sustentável destas riquezas. A decisão da ex-ministra em se desfiliar do PT e se tornar um pólo diferenciado de atração política é um alento para milhões de eleitores que se viam orfãos no processo político polarizado entre PT e PSDB e que não viam seus anseios de um desenvolvimento baseado em novos valores compreendidos nos diversos escalões de governo.


Marina deu ao Ministério do Meio Ambiente a estrutura orgânica e operacional que permite, hoje, que o Ibama seja mais ágil e profissional. Antes de sua gestão o MMA era apenas um amontoado de funcionários cedidos por outros orgãos e autarquias do governo. Em seus seis anos de gestão conseguiu estruturar uma política de meio ambiente para o País, realizou as Conferências Nacionais de Meio Ambiente, um cenário de interlocução com um grande universo de entidades da sociedade civil. Deu voz aos povos da floresta e ergueu barreiras jurídicas competentes aos grandes vetores de devastação. Conseguiu, inclusive, reduzir drasticamente os índices de desmatamento no País, com estruturas de gestão e controle que hoje estão dando frutos ao ministro Carlos Minc.

Quando a campanha eleitoral chegar aos palanques, e a ex-ministra for candidata, os opositores vão apregoar sua falta de experiência administrativa. Vão dizer que em sua gestão as questões ambientais atrapalharam o progresso, vão tentar por todas as maneiras desqualificar o trabalho desta mulher amazônida, que construiu as mais importantes políticas públicas de desenvolvimento sustentável que este País viu até agora. Será a hora de ouvir, também, aqueles que trabalharam mais intimamente com ela, que ajudaram a transformar o MMA de uma saleta qualquer em Ministério de verdade, com interlocução global, mesmo com o menor orçamento entre as pastas do Planalto.

A senadora Marina, com sua brasilidade estampada na face, seu saber eloquente fluindo em suas falas e sua saúde frágil como os ecossistemas que defende será, certamente, um fator de segurança não apenas para nós, seus orgulhosos compatriotas, mas para as pessoas sensatas de todo o mundo. Erram aqueles que acreditam que em sua voz suave não ecoa a autoridade. Parece que estamos por demais acostumados à autoridade das botas e parlapatices. A hora é da autoridade da sabedoria e da legitimidade.

O Brasil tem, neste início de século XXI a oportunidade de dar uma arrancada em direção a um modelo de desenvolvimento baseado no saber tradicional, na ciência, no uso sustentável dos recursos naturais e sem o ranço de preconceitos que vêem no modelo do século XX o único possível. Mas, para isto, precisamos nos despir de preconcepções e buscar a inovação com base em preceitos da sustentabilidade. Para isto precisamos, também, de lideranças que não sejam capazes de olhar além dos balanços trimestrais e de conceitos ultrapassados como medir riqueza pelo PIB, que não é capaz de medir saúde, cultura ou felicidade de um povo.

Mesmo que não seja eleita, apenas o efeito Marina vai impactar o cenário político brasileiro de maneira indelével. Mas temos de lembrar, também, que as próximas eleições presidenciais terão a internet, os blogs, twitter e outras ferramentas de rede que nunca estiveram tão ativas. Milhões de jovens apáticos com a cena política podem ser acordados pelas ideias e falas da senadora, e grandes surpresas podem acontecer. Será uma eleição empolgante se a juventude, os principais herdeiros das tragédias ambientais que virão como causa de políticas equivocadas do presente, perceberem que são o fiel da balança, e que só tem a ganhar. Marina Silva, sem nenhuma sombra de dúvida, tem um compromisso com o futuro, da vida, da Terra, das pessoas. (Envolverde)

VEJA MAIS:
Marina Silva comunica desfiliação do PT
http://envolverde.ig.com.br/admin/admin.php?action=edit&cod=61982

Um comentário:

www.eraldonaz.com disse...

Marina, olhe por Santa Catarina, não podemos perder o controle da Mata Atlântica.
A Industria Fosfateira Catarinense/Bunge-Yara está pleiteando o licenciamento ambiental para a exploração da jazida de fosfato sob Mata Atlântica.

http://projeto-reciclar.blogspot.com/2009/08/fosfateira-em-anitapolis-sc.html#links

AJUDE, NÃO QUEREMOS A DESTRUIÇÃO DA MATA.